Em qualquer sociedade, os fatos se inter-relacionam no tempo e a realidade é fruto de
acontecimentos anteriores, então torna-se interessante o entendimento da
história para a compreensão da cultura.
Nos anos 60, o Brasil estava sob regime militar e sofria demasiada repressão intelectual e artística. Aliado a
esse fator, há o surgimento forte da contra cultura nos movimentos de vanguarda
artística ocidental, como sublimação de uma juventude pensante, cada vez mais
tomando posse da liberdade de expressão que tem direito, socialmente ativa em
resposta a uma geopolítica mundial angustiante de guerras, fome, violência, miséria,
repressão, exploração e totalitarismos. No Brasil resultou no Tropicalismo ou Tropicália – uma versão “tropical” do “flower power”
norte americano? Não, muito mais rico e profundo do que
simplesmente isso. O tropicalismo se caracterizou pela arte como forte expressão
do estado de espírito de sua época, a fusão de linguagens, a quebra de
paradigmas, a sua influência na música, na moda, nas artes plásticas, na
literatura, no cinema, na política, em fim, na cultura geral...
Após a bossa nova dos anos 50 e 60, o tropicalismo foi o movimento artístico de maior riqueza criativa e que mais floresceu a brasilidade para o mundo, com nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Glauber Rocha, Os Mutantes, Tom Zé, Novos Baianos, Jorge Benjor, Gal Costa, Maria Bethania, Torquato Neto, Jorge Mautner, Hélio Oiticica, Lygia Clark, José Celso Martinez Corrêa, etc. - sugiro o documentário “Tropicália” (2012) do diretor Marcelo Machado.
Após a bossa nova dos anos 50 e 60, o tropicalismo foi o movimento artístico de maior riqueza criativa e que mais floresceu a brasilidade para o mundo, com nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Glauber Rocha, Os Mutantes, Tom Zé, Novos Baianos, Jorge Benjor, Gal Costa, Maria Bethania, Torquato Neto, Jorge Mautner, Hélio Oiticica, Lygia Clark, José Celso Martinez Corrêa, etc. - sugiro o documentário “Tropicália” (2012) do diretor Marcelo Machado.
Para entendermos melhor a filosofia
por trás da Tropicália, é necessário introduzir brevemente sobre o francês Jean
Paul Sartre (1905 – 1980), um dos filósofos mais brilhantes e representativos
do século XX, apegou-se à leitura desde criança, foi músico e ator talentoso na
juventude, quando despertou para a filosofia pesquisando textos de Descartes,
Spinoza, Kant, Nietzsche, entre outros. Pacifista e socialista, Sartre militou
politicamente em causas de esquerda, lutando ativamente por revolução e justiça
social. Polêmico, recusou-se a receber o prêmio Nobel de literatura em 1964
como forma de protesto contra as demagogias do institucionalismo das
organizações oficiais.
A filosofia existencialista de
Sartre “condena” o homem à responsabilidade por seu destino e tem neste
fundamento existencial a base para sua liberdade, filosofia esta que inspirou
os tropicalistas a lutar por liberdade de expressão, ao engajamento e à crítica
ao “estabelecido”, às tradições e à própria cultura.
“Nós brasileiros, não devíamos
imitar, más sim devorar a informação nova, viesse de onde viesse, ou nas
palavras de Haroldo de Campos, ‘assimilar sob espécie brasileira a experiência
estrangeira e reinventá-la em nossos termos, com qualidades locais iniludíveis
que dariam ao produto resultante um caráter autônomo e lhe confeririam, em
princípio, a possibilidade de passar a funcionar, por sua vez, num confronto
internacional, como produto de exportação.’” (VELOSO, Verdade Tropical, 1997,
p.247)
Sarte e sua esposa Simone de
Beavoir visitaram o Brasil em 1960 onde passaram dois meses participando de
movimentos sociais, assimilando cultura e deixando uma impressão permamente nas
terras tupiniquins, tendo proposto “uma literatura popular engajada, que
tivesse como objetivo despertar para o reconhecimento pelo povo de sua condição
social impulsionando à ação revolucionária” (Adriano Ibiapina Ferreira).
Finalizo com uma frase de Sarte
que sintetiza sua filosofia existencial:
“O homem não é senão o seu projeto, e só existe na medida em que se realiza.”
“O homem não é senão o seu projeto, e só existe na medida em que se realiza.”