Há
milhares de anos atrás, os seres humanos tinham apenas a comunicação falada
como percepção e registro de informações. As informações eram armazenadas apenas nas
próprias memórias das pessoas e só podiam ser passadas através da
fala. Este foi um dos motivos principais para a criação da própria linguagem em
si, ou seja, a possibilidade de comunicar-se para a troca de informações.
Com
a evolução para a sociedade escrita, através de símbolos que representam
a linguagem, as pessoas passaram a registrar as informações em objetos físicos,
possibilitando maior aprendizado e evolução do conhecimento científico. Assim,
as informações registradas puderam ser consultadas e absorvidas por quem quer
que soubesse ler a simbologia da escrita. Logo, o próprio conhecimento da
escrita era um conhecimento altamente valorizado.
À
partir daí, ao passar dos séculos, houve grande progresso nas ciências e tecnologias empregadas nas
diversas formas de trabalho e produção. A era industrial, no século XVIII, surgiu graças a toda esta evolução do conhecimento humano e científico.
Com
o decorrer dos séculos, de forma lenta e gradativa, principalmente com a evolução da micro
eletrônica e das telecomunicações, a era industrial deu lugar à
era da informação. As informações puderam ser armazenadas também de formato
digital, ser editadas e transmitidas instantaneamente de qualquer lugar para
qualquer lugar no mundo, teoricamente. A tecnologia possibilitou avançarmos da
linearidade da sociedade escrita para a multidimensionalidade da sociedade da
informação.
Nos
dias de hoje, com a grande possibilidade de convergência de mídias e formatos,
o registro de informações em papel é apenas mais uma das diversas formas
possíveis de armazenarmos informação, a qual não veio a tornar-se menos utilizada pelo fato do aparecimento do formato digital, em termos gerais. Ou seja, as tecnologias não
se substituíram, mas se acrescentaram. Textos, sons e imagens convergem em um único
protocolo de comunicação de maneira a possibilitar infinitos links e interações entre a informação, o
conhecimento, a experiência, o usuário e a máquina.
Faz-se
verdadeira a expressão “Uma imagem vale mais que mil palavras”. Quanto mais rica é a forma como a informação é passada, ou seja, quanto mais sentidos estimular no
expectador, maior é a capacidade cognitiva. Por exemplo, apenas
palavras escritas são mais difíceis de serem memorizadas do que um vídeo com
imagens, sons e narrativas. Logo, a sociedade da informação permite aos seres
humanos uma maior e mais rica utilização de suas capacidades cerebrais de aprendizado,
pois a quantidade de estímulos é muito maior. Ou seja, nunca o cérebro humano
foi tão utilizado. Isto posto, a era do aprendizado tem a tecnologia da informação
como grande protagonista e tende a possibilitar uma nova fase de evolução humana,
mais especificamente de evolução de suas capacidades cognitivas.
As
tecnologias didáticas e pedagógicas evoluíram ao ponto de que “as informações
são menos dependentes do professor...ficando para o mestre ajudar o aluno a
interpretar os inúmeros dados, relacioná-los e contextualizá-los” (SCHIAVONI,
2008). O auto didatismo é facilitado e incentivado pelas novas técnicas de
aprendizado, como as utilizadas em cursos de ensino à distância.
No
entanto, segundo Juan Ignacio Pozo, “cada vez se aprende mais e cada vez se fracassa mais na tentativa de
aprender” (POZO, 2004) e “as tecnologias da informação estão criando novas
formas de distribuir socialmente o conhecimento, que estamos apenas começando a
vislumbrar, mas que, seguramente, tornam necessárias novas formas de
alfabetização (literária, gráfica, informática, científica, etc.)” (POZO, 2001)
Toda
esta evolução tecnológica criou novas formas de exclusão social, entre elas, a chamada exclusão digital. Torna-se então grande desafio garantir que o ser humano saiba utilizar de todas essas novas
ferramentas de aprendizado e a criação de políticas públicas bem definidas de educação
que aceitem e se adaptem às novas possibilidades tecnológicas. Professores e alunos, antes de tudo, devem aprender a aprender.
REFERÊNCIAS
SCHIAVONI, Jaqueline E. MÍDIA: O PAPEL DAS NOVAS TECNOLOGIAS NA
SOCIEDADE DO CONHECIMENTO. UNESP. São Paulo, SP, 2008.
POZO, Juan Ignacio. A SOCIEDADE DA APRENDIZAGEM E O DESAFIO DE
CONVERTER INFORMAÇÃO EM CONHECIMENTO. Revista Pátio, Editora Artmed, Ano 8,
Porto Alegre, RS, Agosto / Outubro 2004.